Escorreu!
S empre achei que o erotismo nasce nos olhos; como se acendesse uma lamparina bem fraquinha, e de repente ela cai no chão, e põe fogo em tudo. Queima por dentro e derrete por fora. Como se desse pra sentir as chamas ardendo, só que ao invés de gritar, ela arrepia. Fica imóvel e amolecida ao mesmo tempo. Se abre, se molha e se vaza. De dentro pra fora. Cabendo tudo, perdendo o mudo. E o lábio de baixo molhado passa por todas as cores, curvas, sortuda que era, uma mulher imunda de suor, sem freio e ausente de pudor, sem dor, perdida e perdendo o resto do raciocínio que sobro u. Os dedos, desejos, despejos, alheio a ela, donzela? Jamais. Tem mais, e mais. Se retorce, contorce, esbanjando calor, meio gélida, conforme o suspiro que fica, excita. A língua invisível, sensível, por fora e por dentro, suspiro, transpiro e se jogo, lá fora ou em mim. Acabou… entornou.