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Fiz as pazes com o Natal

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  A 6 anos e alguns dias atrás, eu estava prestes a fazer 24 anos, e escrevi um texto com o título “Segure o choro”. Foi um dos maiores escapamentos que eu já fiz. Transformar dor em arte, é, antes de mais nada, a maior exposição do que nos fere, e portanto, um ato de muita coragem; que só poderia ser feito por uma pessoa frágil, aspirante a artista. Nesse texto, eu expus o seguinte trecho: “E aos poucos, talvez você volte a usar vermelho no natal”. Era basicamente a forma como encerrei a crônica. A alguns dias eu fiz 30 anos… foi estranhamente natural e inacessível. Visivelmente normal. Tudo que eu tenho horror. Mas enfim, de forma artisticamente inexplicável, senti a necessidade, como quem sente vontade de um desejo aterrorizante de comer algo imediatamente. E meu desejo dessa vez era: quero uma árvore de Natal! E aí é necessário abrir um breve parêntese: Em tudo há símbolo… e pra mim, o Natal, era o símbolo da família, do lar, do pertencimento e da sensação de unir laços. Dessa ...

Quando atravessar o inferno, não pare!

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Entre doidos e doídos, prefiro não acentuar… Quanto ódio foi ferido na tentativa de abraçar, Primaveras molhadas nem deveriam contar Quando a verdade é tão seca que nem cabe decorar O inferno tá cheio de pessoas paralisadas Nem perdidas nem amenas, apenas encantadas  Pelo dourado do ouro, pelo brilhos das pratas Buscando sacolas pra caber tantas mágoas  E sim são mágoas, mascaradas de troféus  Medalhas ou prêmios colecionados por réus Vira estampa perfeita numa mostra de véus  Na tentativa falha de alcançar a ideia de céu  Quem passa pelo inferno atrasa a tirania De quem tá aprendendo a ser um bom amante Atrapalha as aulas coletivas de suprema rebeldia E sair de lá intacto nem com sorte de principiante  Quem atrasa o inferno ama o que faz Mas não sabe identificar o que o torna capaz De maestrar com maestria os danos sabotados Nem mesmo de saber quem lhe empurrou do calvário  A sensação é de peso mesmo sem nem se segurar Como se o corpo tivesse pronto p...

TRIN(QU)EI

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Nessa cidade tem alguns chãos que eu não ouso mais pisar, não por trauma a renegociar, mas por dó da brecha que ainda tá pra fechar em vão.  Eu que achei que praticar a gratidão era só fechar os olhos, juntar as mãos e fazer um post bonitinho…  Não consigo lembrar, o que aquela menina de vinte e poucos anos tinha na cabeça, mas tenho a sensação que não era nada de muito esclarecido, muito menos planejado. Quanto mais cor tinha nas estampas dos vestidos dela, parece que mais leve ela vivia os dias, também em vão. Não devo tentar recordar, o que passava no coração daquela menina adolescente que ainda se preocupava em não ficar de recuperação no colégio, mas tenho a impressão que quanto mais pulseiras tinha nos braços dela, mais vitalidade e energia ela conseguia descarregar sobre coisas em vão. Não quero pensar no que aquela criança de família tradicional, tinha em mente sobre a vida, mas ela com certeza foi interrompida; porém, dessa vez, não em vão. Acho que quando uma pessoa ...

Ruivo desbotado

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Escritora falida Psicóloga aposentada Nunca foi a maldivas Pois continua mal paga Sexualmente ofendida Esteticamente limitada No reflexo, distorcida No espelho, cansada Estruturalmente vencida Financeiramente quebrada Amigavelmente esquecida Familiarmente dopada Memoravelmente contida Prioritariamente forçada Anteriormente despida Atualmente ressecada Por dentro mexida Por fora cremada Por uns esquecida Por outros incendiada Pra quem um dia foi lembrado Por um vermelho quente emancipado Sufocou no setor invisível Zerado e com um ruivo desbotado

Sem bloco na rua!

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  Quando eu era criança, estávamos na época das fitas (que nelas tocavam músicas); e pra quem não sabe ou não lembra, quando a fita acabava, a gente enfiava uma caneta na parte do meio, e rebobinava a fita, pra tocar do início. E eu que sempre gostei das palavras e do que elas significavam, achava incrível a palavra rebobinar. Porque na época eu entendia que “ré” significava voltar ao início. Então toda vez que eu queria dizer que sentia falta de algo de antes, ou que precisava fazer de novo alguma coisa, colocava o “ré” antes da palavra. E assim, criei pra mim, palavras que nem mesmo existiam na gramática, como: rereunir, rebeber, redançar, reobservar, reandardebicicleta, rebrigar etc. Bom, cresci gostando de criar palavras.  E essa foi a forma que eu consegui de reexpressar algumas sensações.  Vou contar em 3 partes… O ano era 2004, eu tinha 10 anos! Com meus pais recém separados, minha mãe viu em outra pessoa, a oportunidade de fazer coisas que a muito tempo não fazia;...

evaporAR

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O dia que eu desejei desejar,  Sonhei em sonhar. Quis querer. E amaria amar! Qualquer coisa; qualquer um; qualquer uma. Eu quis me mexer, ousei em caminhar, pensei em levantar; mas não cheguei a sair do lugar. A personalidade forte; A identidade firme; O histórico de persuasão; A história de exatidão; Choveu; molhou; derreteu. Evaporou. O sentido morreu; Partido ficou; Reticência pontuou. Nada se sobrou! Tempo a gente tem Quanto a gente dá Corre o que correr Custa o que custar Tempo a gente dá Quanto a gente tem Custa o que correr Corre o que custar O tempo que eu perdi Só agora eu sei Aprender a dar Foi o que ganhei E ando ainda atrás Desse tempo ter Pude não correr Dele me encontrar Ahh não se mexeu Beija-flor no ar O rio fica lá A água é que correu Chega na maré Ele vira mar Como se morrer Fosse desaguar Derramar no céu Se purificar Ahh, deixa pra trás Sais e minerais, evaporar