Naquela mesa ele sentava sempre. Somente um desocupado iria parar pra contar por quantas mesas já passou. E qual definição de loucura seria mais adequada para este comportamento, e se definida, vinda de qual objetivo? O verso dessa música do grande Nelson Gonçalves me fez pensar não exatamente na quantidade de mesas que já passei, mas de como estas foram importantes para que eu viesse até aqui e para me dar alegrias e alegorias de passar por outras tantas. Minimamente pensando, passamos pela mesa de cirurgia para estarmos ao mundo. E por ai vai sendo... Mesas de aniversário ao redor de convidados. Mesas de natal com o objetivo de união familiar. Mesas de conversas estarrecedoras; primeiro namorado, primeira reclamação; ensinamentos sobre preservativos; notas baixas; separação; etc. Mesas de comemorações. Aquela boa e velha mesa de bar, que anima suas partilhas de passar no vestibular; ser promovido; se formar. A mesma mesa de lamentação; terminou o namoro; per...
Nessa cidade tem alguns chãos que eu não ouso mais pisar, não por trauma a renegociar, mas por dó da brecha que ainda tá pra fechar em vão. Eu que achei que praticar a gratidão era só fechar os olhos, juntar as mãos e fazer um post bonitinho… Não consigo lembrar, o que aquela menina de vinte e poucos anos tinha na cabeça, mas tenho a sensação que não era nada de muito esclarecido, muito menos planejado. Quanto mais cor tinha nas estampas dos vestidos dela, parece que mais leve ela vivia os dias, também em vão. Não devo tentar recordar, o que passava no coração daquela menina adolescente que ainda se preocupava em não ficar de recuperação no colégio, mas tenho a impressão que quanto mais pulseiras tinha nos braços dela, mais vitalidade e energia ela conseguia descarregar sobre coisas em vão. Não quero pensar no que aquela criança de família tradicional, tinha em mente sobre a vida, mas ela com certeza foi interrompida; porém, dessa vez, não em vão. Acho que quando uma pessoa ...
A 6 anos e alguns dias atrás, eu estava prestes a fazer 24 anos, e escrevi um texto com o título “Segure o choro”. Foi um dos maiores escapamentos que eu já fiz. Transformar dor em arte, é, antes de mais nada, a maior exposição do que nos fere, e portanto, um ato de muita coragem; que só poderia ser feito por uma pessoa frágil, aspirante a artista. Nesse texto, eu expus o seguinte trecho: “E aos poucos, talvez você volte a usar vermelho no natal”. Era basicamente a forma como encerrei a crônica. A alguns dias eu fiz 30 anos… foi estranhamente natural e inacessível. Visivelmente normal. Tudo que eu tenho horror. Mas enfim, de forma artisticamente inexplicável, senti a necessidade, como quem sente vontade de um desejo aterrorizante de comer algo imediatamente. E meu desejo dessa vez era: quero uma árvore de Natal! E aí é necessário abrir um breve parêntese: Em tudo há símbolo… e pra mim, o Natal, era o símbolo da família, do lar, do pertencimento e da sensação de unir laços. Dessa ...
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