Física da procura
É pesado, turvo, desconexo e encarcerador.
Quando somos crianças, e ouvimos uma conversa de adulto pela metade, ouvimos o argumento: "é coisa de adulto", talvez fique a expectativa que adultos são mais legais ou até mesmo, completos; já que ficam sabendo das fofocas até o final.
Quando somos adolescentes, não importa qual seja o comportamento, sempre tem um pra olhar e dizer: "eita, tá aborrecente", talvez fique o desejo de se tornar adulto logo e compreender melhor as coisas e não mais ser chamado assim.
E aí, nos tornamos adultos...
Vagos. Incompreendidos. As vezes solitários, as vezes bem mais perdidos.
Passamos boa parte da fase adulta, tentando lembrar como era ser criança, e outra parte, tentando ter coragem como um adolescente.
Adultos se tornam responsáveis por exercer a missão de encontrar prazer em fazer nada, ou encontrar tempo para ter prazer, ou encontrar companhias para ter tempo. São tantas coisas pra encontrar, que muitos passam a vida toda procurando. E até encontramos, mas não somos mais completos para perceber algo pequeno, nem somos mais corajosos, para perceber que encontramos.
Crianças correm pra frente e ficam perto.
Adolescentes dão as costas e vão embora.
Adultos acreditam que a única coisa mais impossível e insuportável do que ficar perto, é ir embora. O muro se torna nossa casa. O pêndulo se torna o maior equilíbrio. E o tal prazer se torna a física da procura. Como aquelas fórmulas que sabemos a teoria mas tiramos nota baixa em todas as práticas.
As melhores companhias de pessoas adultas, as vezes é a falta de fé que faz pessoas ficarem juntas por medo de se destruir caso se separem. A mesma fé que faz uma criança chamar outra de melhor amiga de todo coração. A mesma fé que faz um adolescente chamar outro de amor da minha vida, sem nenhum medo do tempo.
Adultos as vezes não chamam nada. Têm medo até de dar nome as relações, porque se apegam aos títulos e esquecem que o foco é a companhia que no fim das contas, se torna só mais um nome. Nomes que são evitados. Que são xingados. E que se tornam metas para esquecimento.
"Lhe tenho amor. Lhe tenho horror. Lhe faço amor. Eu sou um ator".
Esse trecho do Raul sempre me chamou atenção. Ele usa amor duas vezes, horror uma vez, e justifica a ação dos três, como uma atuação. Uma criança e um adolescente jamais conseguiria fazer isso. É coisa de adulto. Vago. Perdido.
Buscamos respostas para perguntas nunca questionadas.
Buscamos amores de pessoas nunca afetadas.
Buscamos Paz do lado de fora, em que dentro, não há nada.
Comer. Rezar. Amar.
Uma saciedade que nunca chega.
Uma ilusão que nunca cessa.
Uma procura que nunca acaba.
A perfeição da vida adulta é atravessa-la!
Mesclar os pequenos prazeres, das pequenas crenças, e dos imperfeitos amores.
Continuar amando todas essas fases, desejar luz sempre que pensamentos turvos vierem e depois... Esquecer.
Adultos são bons nisso. Não em esquecer, mas em atuar!
No final, a palavra na verdade é um convite...
Vamos atravessar?
Perfeição!! Tudo que escreveu eu senti e sinto...
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