Camarada D'água
Equilíbrio...
Besta quem se limita a explicar o que sente!
O amante explode o excesso, seja a cura ou o veneno.
O errante explode a culpa, seja por falta ou por presença
O amado sente o peso, seja por razão ou por emoção.
E o acerto se perde no conserto de um acervo de platéia que não enxerga o que vê.
O que sobra de você?
O que é você?
De quem vem você?
O que vê de você?
O ar faz respirar.
O fogo faz queimar.
A terra faz estruturar.
E a água...
Faz relaxar a respiração.
Faz esfriar a queimadura
Faz contornar a reestrutura.
Após devolver todas as coisas alheias, vem a fase de respeitar a falha e falta da órbita.
Negar-se a obedecer a ordem do tempo, é se salvar do mundo a tempo e se apropriar de si.
Negar-se a obedecer a ordem do tempo, é se salvar do mundo a tempo e se apropriar de si.
Após o sufocamento.
Após o derretimento.
Após o enterro.
Vem a possibilidade de contornar...
Recontornar na água.
Se apropriar da água.
Me transformar em água.
Para que então eu possa estar,
Escorrendo de cima.
Afogando embaixo.
Misturando as cinzas.
Percorrendo todos os lados.
Fazendo sons.
Sem formatos.
Testando cores.
Embelezando saltos.
Equilíbrio é para poucos.
Equilíbrio não tem a ver com o formato perfeito.
Equilíbrio não tem a ver com aceitação.
Equilíbrio vem de não se limitar a explicar o sentido.
Vem de ser camarada da água.
...
Camarada D'água! (2020)
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