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Mostrando postagens de fevereiro, 2021

O prazer de não saber

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Na década de 90, eu achava que depois dos anos 2000 algumas coisas estariam bem mudadas. Imaginava coisas pequenas mas de grandes valores. Talvez valores simbólicos, até porque, sim, eu sempre fui muito apegada a isso. E aí os anos 2000 chegaram... E passaram. 21 anos de um século se passando e eu ainda fico pensando em algumas coisas que talvez nem sirvam mais.  O círculo dos nossos olhos estão cada vez mais retangulares. E nossa mente que um dia já foi vasta, tende a ficar quadriculada. Nossos membros que formam par, parecem quatro patas. E nossa rotina que parecia ofegante, ficou pálida.  Ansiedade virou regra ter. Deprimido ficou feio não ser. Se é quieto, é autista; se danado, hiperativo, organizado.. obsessivo. Se come demais, vomita. Se come de menos, compulsivo. Se é amostrado, se acha. Se fica tímido, se passa. Não tem mais jeito. Crítica social não pode mais ser dita, precisa ser construída para então autoconstruir-se. A palavra é tão grande que o corretor do celular...

Cão que ladra, não morre.

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Esqueça tudo que foi ensinado, o pane no sistema ainda vai nos salvar. De repente o "pegou a visão", se tornou mais um clássico de um conjunto que conhecemos bem, aquele misto de meme com crítica e confusão que desperta a audiência e faz despencar a alienação. Nem lembro mais quando foi que aconteceu a margem de erro que liberou tanto dispersão do elemento humano... Gritar as letras de músicas e não saber o que elas dizem. Repetir um meme, sem perceber a crítica que ele aponta. Reproduzir efeitos alheios, sem dimensionar a proporção que estes chegam. E por aí vai. A graça sem graça que se entitulou piada social, é na verdade uma forma de apagar quem de fato estava se expressando. Enquanto todos se preocupam com o cancelamento, eu venho falar do silenciamento, que faz os conteúdos crescentes, decrescerem. E os assuntos decrescentes, se multiplicarem. É cômico, cômodo, angustiante e extremamente, oportuno.  Oportuno porque quanto menos o ser humano pensa, mais fácil é, pensar p...

Avesso

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Trazer a Ellie de volta, é uma responsabilidade suficiente e excitante ao mesmo tempo. E sempre vindo do meu ócio que faz a memória vibrar ao som de mais um barulhinho. Dessa vez não de uma tattoo, mas do seu ronco. Que dia... Que noite... De repente, um tropeço. Alegoria, extremeço. No teu colo adormeço. E portanto, enlouqueço. Esse lugarzinho já deveria ter nosso nome, porque cheiros, marcas e memórias, já são presentes. Nossas paredes, meio brancas, meio amarelas, meio de pedras. O banco já quase rachado no meio de tanto meio e dessa vez, um ventilador chamado furacão. Representa bem..  Você tá linda. Me instiga, me limita, se rebela e desacelera, pra eu tirar seu ar. O encaixe do nosso beijo é tão nosso que demite os esforços, libera os destroços e me faz dar tudo que eu posso, pra arrancar sua roupa, boca, seus olhares, lugares; sei fôlego. Nossa boca já molha tão facilmente que sente o quente, envolvente que desce, umidece, enfurece e desorganiza; instabiliza. Eu te mudo de b...

Só mais um a negar

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"Cada pessoa é um universo, se você permitir que ela se manifeste" Uma reação sem formato não passa de um conjunto de palavras soltas que tentam gerar um link e tornar sensível algo que tá sendo sentido e ninguém compreende. A vida mudou e se moldou sem rumo. Sem frieza e com franqueza. Com fraqueza e sem destreza. O susto que toma conta do novo, sempre morou bem aqui.  A insanidade se fez presente e tudo que um dia foi estável, despencou. Eu tremi na base e amei. Eu amei extremecendo tudo. Desarmando o mundo e aceitando a sentença de morte que nunca matou. O baú que foi aberto me esvaziou e também enfraqueceu. Então eu descobri que dava pra viver na fraqueza. E tudo bem. Essa reação desforme é muito mais que força solta, é reconfigurar o zero. Perceber que ele também é lar. Também é mar. Amar. Tomar ar... Respirar! Ecoar. Vazar. Recomeçar. Eu sinto falta de pisar no chão, não hei de negar que a sensação de segurança é confortável e muito tentadora.  Mas daqui de cima, eu sin...

Surtei, e atirei o pau na dona Chica

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Tem muita coisa que não pode. Imagine só uma tartaruga de casco colorido correndo do banheiro .  Eu diria, "uma alucinação", ou "um devaneio". Mas na verdade eu sentiria, "uma necessidade". Esse texto é sobre cor, e tudo que rima com ela . Lidar com as cores é tortura e capricho. É um sacrifício e prazer. É um passatempo necessário. É um estranho natural. O mundo traz rituais cruéis de certezas e garantias de um futuro bom. Ele nos treina pra ser modelos de mais garantias. O diamante nunca lapidado, o brilho nunca transmitido, o nome nunca situado. Os detalhes que viraram mimos ou erro gramatical, começam a incomodar quem nunca se interessou pelo português. Ora mais, quem acha que uma simples letra fora do lugar deve ser tratada como uma militância?! Então... Eu acho. Todes nós deveríamos concordar, que pra alcançar um lugar de fala, o caminho precisa ser aberto. A voz que tentam calar, ainda nem deu seu grito porque ainda nem chegou no seu maior local de ...