Avesso


Trazer a Ellie de volta, é uma responsabilidade suficiente e excitante ao mesmo tempo.

E sempre vindo do meu ócio que faz a memória vibrar ao som de mais um barulhinho. Dessa vez não de uma tattoo, mas do seu ronco.

Que dia...

Que noite...


De repente, um tropeço.

Alegoria, extremeço.

No teu colo adormeço.

E portanto, enlouqueço.


Esse lugarzinho já deveria ter nosso nome, porque cheiros, marcas e memórias, já são presentes. Nossas paredes, meio brancas, meio amarelas, meio de pedras. O banco já quase rachado no meio de tanto meio e dessa vez, um ventilador chamado furacão.

Representa bem.. 

Você tá linda. Me instiga, me limita, se rebela e desacelera, pra eu tirar seu ar.


O encaixe do nosso beijo é tão nosso que demite os esforços, libera os destroços e me faz dar tudo que eu posso, pra arrancar sua roupa, boca, seus olhares, lugares; sei fôlego.

Nossa boca já molha tão facilmente que sente o quente, envolvente que desce, umidece, enfurece e desorganiza; instabiliza.

Eu te mudo de banco, num canto, portanto, sem santo. Te levo ao chão, incerta, aberta. Eu amo te olhar, franzindo as sobrancelhas, revirando os olhos, abrindo a boca e inclinando o rosto, ainda pra direita. Eu desço, não paro, te falo, lhe calo, tão raro o que nós temos aqui.

Eu já perdi a conta do volume do seu som, dos seus orgasmos, dos meus engasgos. De frente, de lado, do outro, de quatro, por quatro, de costas. Puxo seu cabelo, molho tua boca, já rouca, pouca, noutra... Minha!


E no fim do dia, nosso Cafofo vira palco de novo. Eu ainda me tremo, me instigo, te sento, atento pra não ter um fim, substituir por um sim. 

A cama revira, o lençol transpira, o travesseiro respira, a noite conspira. 

A Lua clara vai surgindo, e você amolecendo, e eu, escrevendo. Nosso nós sendo, a melhor parte do todo.


E volto ao seu ronco.


A amor que eu sonhei

Tudo que eu mereço

Seja minha todo dia

Perfeitinha e do avesso




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