Um dia os meus cabelos longos
Fui engolida
Kurt explodiu a própria cabeça
Jim e Janis, implodiram o próprio coração
Jimi, se asfixiou no próprio vômito
Amy, extraviou o próprio cérebro,
E eu, não sinto nada…
Uma fonte de vida que se esgota e não é mais a mesmo. É tudo oco! Sem graça, sem sentido, sem perspetiva ou propósito.
Quando bate o vento, eu não sinto frio.
Quando bate o sol, não me sinto ferver.
Em pé, eu canso.
Sentada, dói as costas.
Deitada, eu morro num sono que me afunda sem sombra e sendo a sobra.
Falar, de que?
Gritar, pra quem?
Conter, o que?
Escrever, amém.
Não sinto medo.
Não sinto raiva.
Não sinto desejo.
Não tenho pressa.
Nem me vejo presa.
Não sou indefesa.
Não estou assustada.
Nem sendo assistida.
Não mando em nada.
Não obedece ninguém.
Não sonho com algo.
Nem durmo com alguém.
Meus olhos ardem
Meu nariz escorre
Minha boca racha
Minha garganta ferve
Meus seios incham
Minha barriga multiplicou
Minhas pernas sugaram
Meus pés atrofiou
Nada perde o que não se tem.
Nenhum amigo mantém
Nenhum amor se excede
Nenhuma família me visita
A cada dia o tempo me pede
Mais atenção
Mais cuidado
Mais dinheiro
Mais retrato
Mais solução
Mais processo
Mais paciência
Mais vida
E apenas subtrai tudo de zero.
Não tenho sentido nada. Nem mesmo a vontade de pedir socorro
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