Amor empedrado(…)
De todas as coisas que eu já descobri no amor, tem sido minha maior surpresa, as condutas inversamente proporcionais.
Anos atrás eu ouvia a música Estranho natural da Maria Gadú, bobocava pela letra da música, compreendia, mas não sentia; “Meu canto hoje dobra as tuas notas; Me olhas como se fosse normal; Me coro ao seguir a tua rota; Meu abraço te amarrota; Meu estranho natural”.
Apesar da beleza inquestionável da música, eu não sentia como algo poderia ser estranho e natural ao mesmo tempo, de repente até na mesma intensidade.
Até que, me apaixonei, perdidamente; construí família, negócios, planos e estabilidade. E por aqui, o amor também tem sido inquestionável! Porém, a vida de uma pessoa apaixonada não tem meio segundo de paz, e então a Gadu veio me provar que eu não sabia de porra nenhuma enquanto cantava fielmente a sua letra lá atrás.
Minha vida mudou, pra melhor, mas existe algo linkado ao amor, que, pra mim, é inegociável. E para esclarecer, vou usar Luísa Sonza e Bacu, em Surreal; “eu não quero ter cuidado, quero uma paixão de estragos”.
Nunca tive medo de abrir mão do mundo bonito por uma caos. Não nasci pra ser uma boneca de porcelana decorativa. Eu curto coisas que quebram, que se desmontam,se desfazem e sobrevivem.
Eu gosto do gosto que sobreviver tem! Pra mim é luta, luto, resistência e evolução!
Quando os olhos se cruzam sem se querer, exdruxulamente, eu preferia nem ver. Eu amo o cuidado, mas prefiro a iniciativa da surpresa. Tenho preferência pelas proibições e quebras de padrões. Pra mim tinha que queimar nem que fosse com gelo.
Eu só sinto a vida assim!
Vale tudo o confuso; a exatidão me irrita, me broxa e me faz ter ânsia de vômito. Curto a ideia de cansar os limites, buscar as desconsagrações, e ferver lava quente. Pra sentir na pele mesmo, arrepiar, se impressionar. Quando foi a última vez que vocês se arrepiaram?
Como pode usar a boca pra comer e dar selinho? Com um mundo de possibilidades pra comer, quem perde tempo deixando a boca entre aberta?! Quem vive com as pernas fechadas?! Quem não arranca suor com a língua não sabe o que perde!
Deixar marcas na memória cura a rotina cansativa; é fôlego. Ou a falta dele.
Odeio achar o estranhamento natural!
Odeio ter cuidado!
Odeio repetir!
Não sei como se salva uma vida morna; não sei como sustenta amor no limbo; não quero ter que aprender, apesar de já ser um intensivão…
Não gosto da história contata com as mulheres de bobes que costuravam e usavam saias com cintas; gosto das bruxas que queimaram na fogueira! Acho que é nisso que Deus está! Acredito que seja isso essa tal de vida!
Amor empedrado não sai no orgasmo…
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