A prova d’água



Desconfortos nunca são explicáveis; eu sempre achei que “cura”, fosse uma palavra a ser boicotada, não só pela expectativa que ela causa, mas também por uma falsa sensação de aprendizado, quando na verdade, a gente segue tão verde, quanto já fomos um dia.

Esses dias uma amiga compartilhou comigo um vídeo que falava sobre “encantos”, enquanto uma sensação de prazer pela vida, pelo amor e pela esperança em viver. Lindo! Mas o outro lado também é sempre muito real, e não dá pra viver como se ele nunca existisse ou não viesse a tona em algum momento.

Há uma sensação gritante que lembra um pouco um “rasgo”, só que de forma interna. Não precisa ter acontecido nenhum gatilho, não precisa ter uma garantia de mal-estar. Assim como não se trata de uma intuição ou algo que possa nos assegurar de algum jeito.

Dizem que os pássaros sentem quando a tempestade se aproxima.

Mesmo sendo seres sem raciocínio lógico ou condicionamento comportamental, eles sabem quando algo está para acontecer. 

E aí vão embora. Voam pra outro lugar que possa transmitir algum tipo de segurança.

A sensação é como um “desencanto”!

Zero gatilhos, zero percepções, tudo caminhando bem e em paz, mas a gente sente quando tem algo se aproximando.

Rasgar-se por dentro, sem ter a chance de se costurar, é, talvez, a maior prova de fogo que faz do ser humano, um sujeito de sorte (como diria Belchior). Um sujeito de sorte porque fomos programados pra cair, e ainda assim, somos perfeitamente capazes de viver, mesmo descosturados. Com todas as emoções vazando, e provocando um caos químico e emocional.

Uma constante constatação de loucura e desejo por algo mais.

Eu sempre gostei da Psicologia, por ela tentar entender até onde vai o limite de uma pessoa que sobrevive à uma vida quebrada.

É bonito, mesmo sendo denso.

É como está embarcando numa viagem incrível, e quando olha pro ticket de ida, tem lá escrito: “volta”.

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