Golpe duplo

 


A gente cresce entendendo que é inteligente ser organizado. As vantagens de uma pessoa que sabe planejar, são inumeráveis e, certamente, facilita a qualificação da rotina num formato quase impecável.


Pensar, criar e ter um plano B, é talvez, um dos melhores descansos que a gente pode ter. Porém, ser o plano B, é, com muita certeza, um dos mais cruéis descasos que a gente pode ser.


Quando se está apaixonado, é realmente muito bom, pecar pela intensidade e zerar o jogo, quando se trata de ser equivalente e praticar as manutenções de salubridade; é tudo certo, porque ainda assim, não há nada que seja mais temporariamente confortável, do que uma paixão avassaladora que chega pra fazer um trabalho impecável de destruição de tudo que já foi sólido.


Nada mudou de lugar por enquanto, tudo continua terrivelmente bagunçado e instável. 

É contraditório, mas funciona assim. Se é que podemos usar o verbo “funcionar”. 

E claro que é natural que o papel comece a pesar…


O plano B cansa; é ilustrativo, mas não legível. 

É interpretativo, mas não analítico. 

É uma soma, mas não um produto final. 


Me lembra um pouco a sensação de um grande espetáculo teatral, milhares de pessoas na plateia, o público ovacionando os protagonistas, luzes concentradas em hiperfocar as performances; enquanto existe nos bastidores, uma pessoa exausta de abrir e fechas as cortinas. 


Eu sei, meu bem, que ainda poderíamos iniciar um incêndio juntos, mas talvez esse seja um papel muito caro, pra pouca verba que nosso teatro recebe da vida.

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