Vagarosa
Quem nunca
teimou em beber estrelas?
Apaixonar-se é
como pegar no sono; as vezes não é preciso está deitado, mas é necessário está
se sentindo confortável; não necessariamente na superfície que lhe acomoda, mas
no corpo que seus sentidos adormecem.
Uma mistura de devagar com rápido, a
ponto de não te permitir recordar o processo de adormecimento. Vagarosamente acontece.
Suas pálpebras começam a piscar, e vão fechando; e depois, você só consegue
saber que está acordando. Aliás, que acordou.
Apaixonar-se é
como a tendência a sobreviver, nem por um momento sua coragem vacila. Nem pelo
mesmo momento, seu medo lhe aprisiona. Você reage. Age.
Apaixonar-se é
como um estado de ansiedade. Você se sente desesperadamente sem fome. Sem sede.
E completamente dominado pelo comportamento involuntário de sorrir.
Apaixonar-se é
como descer num escorregador alto numa velocidade sem fim; que vai te levar a
um chão que você sabe que existe, mas que é o que menos importa.
Apaixonar-se é
como andar descalça. No sol, na chuva, no mar e na Lua.
É ensurdecedor;
é aterrorizador; enlouquecedor; é dor. Fortifica. Intensifica. Justifica. E fica.
Apaixonar-se,
torna-te capaz de se encorajar aos movimentos mais insanos e prazerosos. Mais perigosos
e cômicos. Mais amantes e amados. Recortados. Lembrados.
A segurança não
é seu maior trunfo, muito menos a garantia de amanhã.
Mas amanhã... amanhã você
acorda.
E o processo de adormecimento não é possível lembrar. Assim como não se
pode concentrar-se nos pequenos e quase imperceptíveis movimentos das pálpebras,
ao adormecer. Vagarosamente acontece.
Vagarosamente deixa de acontecer.
E vagarosamente,
acontece mais uma vez. Mais algumas vezes.
Apaixonar-se é se manter
inconstante. Iniciante. Louco!
Apaixonar-se é sobretudo,
saber que não sabe. Saber que não funciona. Saber que não produz. Não integra, não
regride, nem limita.
Apenas decifra-se o que não há.
E portanto, compreende-se a beleza de não saber, tampouco acordar.
E portanto, compreende-se a beleza de não saber, tampouco acordar.
“Se quiser o arco-íris,
tem que aguentar a chuva”.
Molhe-se...
Beba estrelas!
"Meus olhos teimam em beber distâncias
Na busca antiga de varar caminhos
Onde as porteiras não limitam sonhos
Nem são cativos os que são sozinhos
Meus olhos teimam em beber estrelas
No breu celeste onde a lua navega
E a arrogância de um rastro cadente
Que até parece cair das macegas
Quem sabe os meus olhos querem mais
Do que minha’lma pode conceber
Me basta um rancho só beirando o rio
E um amor, de um bem querer
Pelos remansos vou deixar esperas
Por sobre as águas deslizando a proa
Sevando sonhos no bater dos remos
Rompendo auroras dentro da canoa
Vou navegar por entre calmarias
Quando a canoa singrar outras águas
De um mar distante que ainda não conheço
Deixando o rancho, os sonhos e as mágoas"
Beirando o Rio - Jairo Lambari Fernandes
Comentários
Postar um comentário