Vidas Interrompidas 1/3

Nós nascemos como morreremos: 
Sozinhos?

"Não sou mais criança a ponto de saber tudo"
Renato Russo acertou mesmo.

Eu sempre tive medo do real significado da palavra "interrupção", porque sabia que ele era vago no sentido vazio, e abrupto, no sentido cortante.
Sempre foi falado que a vida era recheada de processos, e estes moldavam tudo e todxs. Desde o que era mais básico, até as coisas mais trágicas. O peso de algo insustentável era destilado de forma processual e portanto ficaria menor. 
Mas na prática foi bem diferente, pelo seu justo contrário... Não era pesado, era leve! 

Pôr pra fora uma leveza que ficou massa solidificada atravéz de sensações líquidas é mais difícil do que aparece nos filmes. Não se trata de mudar de cidade ou ficar mais velho, se trata de ficar mais vago. E existe um perigo constante nisso, porque torna a espontaneidade, incongruente. 

O apego as memórias é o tal peso, porque elas não são filtradas. Na verdade elas vem como uma queda dágua que coloca tudo em risco.
"Imagine um mundo de Paz" - Lennon.
Cantar isso era quase um mantra, que eu sabia que sempre ia me reconectar com as sensações de antes.
E conectei.

Um pai - desligou
Uma mãe - desconsolou
Uma casa - caiu
Um cachorro - morreu
Uma escola - fechou
Uma cidade - se perdeu
Um tempo - apartou
A vida - se interrompeu

Entrar em contato com o armazenamento, é como acender a luz do limbo, e se perceber nele. 
É como se ver de fora, e se enxergar caminhando em círculos.
É como se ver de dentro, e não ver nada.
Estar sozinho é maior que não ter companhia! 
Estar sozinho é ouvir o eco do próprio silêncio.
Levar as memórias comigo é sumir.
Lavar as memórias comigo é somar.

Tão abrupto quanto é uma vida interrompida, é também, um estado de êxtase que se repete por dentro e se refaz por fora: incongruente.

Esse texto só começou...

Nós morreremos como nascemos: 
Sozinhos!


🧘💣

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