Case com ela!


Resolvi me testar...

Dizem que não usamos 100% do cérebro, não sei se é verdade, mas eu com certeza, não usava 100% do coração.

Eu nunca soube como era sentir inteiramente algo, fosse bom ou ruim, ou completamente novo a ponto de nem ficar claro se faria bem ou mal. Eu sempre usei estratégias e moldes para evitar enfraquecer. Não que tivesse uma fórmula pronta, mas eu sempre fui boa em abrir mão. Então pra mim era nítido: eu me disponibilizava a perder, abandonar, excluir e ignorar. Passei por cima de sentimentos grandes, só pra não demostrar emoções. Nunca tive problemas com ficar sozinha, fazer programas de casais, sozinha. Nunca senti falta de uma companhia, porque já sabia que a vida seria sem isso. 

E então, eu a vi...

Linda. Cheia de marra e pura antipatia. Era firme e dura na queda, uma sobrevivente da vida. Fazia o que queria e como queria. Ela não era do tipo que, "não rolou", tava mais pra "dava um jeito". Tinha um corpo que chamava atenção, um cabelo que mostrava a que veio, tatuagens que só cabiam nela, e uma cabeça que eu só queria desvendar. Ela era braba, mas tava se defendendo. Era como se fosse inteira na vida, mas só tava pronta pra viver uma parte dela. Ela era toda dela, mas de cara, eu queria que fosse minha. 

Eu que nunca tive problemas em perder, e que não me incomodava em abrir mão de pessoas, fui atropelada de forma fatal, pela boca dela. Todas as estratégias que eu carregava na vida e pra vida, eram falhas, quando meus olhos se deparavam com os lábios dela. Eu tava pronta pra correr dali e nunca mais sonhar com isso. Me envolvi com outra pessoa e segui perdendo o foco quando a boca dela se aproximava do meu campo de visão. Eu nunca perdia o foco, eu nunca me desconcentrava. Isso era uma ofensa gravíssima pra uma nerd CDF clássica dos anos 2000. Mas acabou tudo. Eu já era dela! 

Uma vez eu havia assistido um filme, que dizia "eu me senti inteira com alguém pela primeira vez, e sabe o que eu fiz? Casei com ela". Todos os problemas que eu precisava afrontar, era menores que os lábios dela. Eu não esperaria menos, ja que minha frase de inspiração veio do maior filme de terror aclamados pela crítica nas Américas. 

Durante um ano, nós tivemos a vida perfeita. Cheia de problemas, missões e desabamentos mundanos. Um caos fora de casa, um caos de quatro patas dentro de casa. Uma vida de casal pra se adaptar, o preconceito do mundo pra sustentar. E todas as formas de confusões pra dividir. Era tudo perfeito.

Então o mundo resolveu cessar, e nos obrigou a levar nossa vida perfeita para as ruas da cidade. Foi aí, que o mundo congelou.

Eu não sabia como viver no mundo com alguém. Nunca tinha acontecido isso. Eu mal sabia como explicar um mal estar que eu nem sabia que era mal. Eu não me encaixava nos espaços dela, eu me deslocava vendo as funções das vivências dela. Minha insegurança chegou invadindo o que havia sido fechado a um ano. Ela era minha família inteira, mas eu não me sentia uma namorada pra ela. 

Quem dera eu tivesse com ciúmes, incrível seria. Quem dera eu tivesse com autoestima baixo, era simples de resolver. Queria diferente de tudo isso. Eu estava nua e em choque. Ela havia me escolhido, e eu certamente, escolhi a ela. Só estava esquecendo de uma coisa, eu não existia no espaço alheio aos que eu havia criado pra sobreviver no mundo. Eu não me conhecia nem reconhecia sendo o par de alguém com tanta vida. 

Foi aí que o caótico se instalou de vez.

Comecei a brigar com 27 anos de propósitos falhos no que se referia a viver o afeto. Não preciso nem dizer quem ganhou a briga ne... Ninguém. Porque meu hábito, é não chegar nem no início do primeiro round. Eu sempre desistia antes. 

Em meio a isso, eu me transtornava. Porque a vida sem ela, já era uma falha pra mim. Eu já era capaz de passar por tudo, desde que fosse na companhia dela. 

E então, veio aquele último disparo: pra ter a companhia dela, era necessário ter a minha companhia! E esta última relação, nunca me interessou. 

Por isso, hoje, 4:15 da manhã de uma noite longa interrompida por uma dor infernal, (meu corpo resolveu decidir que eu estou ficando apta a reproduzir uma vida, e me presenteou com uma ovulação. E eu que já adorava falar o termo Amenorréia Hipotalâmica, tô tendo que cogitar fertilidade, começando por uma cólica absurda, que eu também já tinha esquecido como era uma péssima companhia), eu precisei parar pra pedir arrego. 

Se antes eu mantinha meu estado de espírito em Paz, abrindo mão da vida, pela minha própria companhia, deu tudo errado. Porque hoje, eu já quero o Amor de uma vida feliz pra ela, mesmo que isso não tenha relação comigo. 

Conhecer o incondicional do Amor é a mais rara beleza da vida, mas também é a última.

O teste segue dando negativo, e eu sigo casada com ela, porém, sem perspectiva, de quando casar comigo.

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Linda moça da vida, lembra bem do que eu vou te falar... 

Quando alguém tremer por chocolate perto de você, pensa rápido pra escolher entre duas opções: 

1. Sai correndo e finge que nunca viu essa pessoa na vida, porque vai ser a perfeição do caos do mundo todo em um só Ser.

2. Case com ela!

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