Bodas de zinco

"Olha, tu consegue fazer uma reta sem régua"...

Quem em sã consciência chega em alguém assim?!

Como cantada, não funciona.

Como chegada, não faz sentido.

Como saída, não causa nada.

Mas sim, tu era a menina que tinha os cabelos mais bonitos da sala e fazer o que, se a única coisa que te passou na cabeça pra chegar perto de mim foi elogiar o meu cubo.

Tudo bem né. 

Não precisamos funcionar. Nem mesmo fazer sentido, ou até mesmo causar alguma coisa.

Você se tornou minha BBF, porque eu sempre fui lesada o suficiente pra errar as siglas BFF.

Mas para a minha surpresa, foi a primeira vez na história deste país, que uma escorpiana teve paciência para se dar bem com uma geminiana... E olha, não foi fácil.

Tu era chorosa, sensível, previsível e nerd pra caralho. Tuas agendas era lotadas de anotações de história, geografia, e tinha até desenhos de mitocôndrias... Enquanto na minha tinha trechos de músicas e poemas, porque eu era dessas mesmo.

Tu se apaixonava perdidamente por tanta gente, enquanto eu escondia sob sete chaves que talvez pudesse gostar de alguém.

Tu escrevia cartas. Eu desviava o olhar.

Tu chorava. Eu dizia que tava tudo bem e que ia passar.

As vezes tudo que tu queria era passar a noite falando... E eu fingia que ouvia tudo.

Tu tinha um drama pesado sobre os cabelos da Yoko que nem o Lennon nascendo de novo poderia resolver.

E aí eu lembro como tu me deu trabalho...

Pegar 1 real na barraquinha de sorvete do shopping pra pagar a passagem? Não cara, por favor... Mas foi só o começo.

Eu lembro de quando tu colocou na árvore as nossas iniciais e as das nossas paixonites (que vem a ser nossos melhores amigos até hoje), e como tu se emocionou, o foda foi que a árvore caiu com uns meses, eu achei engraçado e tu se ofendeu gigantemente (espaço pra rir). Desculpa.

O tempo foi passando, e passaram 2, 5, 7... 10 anos. 

10 anos e eu ainda consigo fazer uma reta sem régua. Nesse meio tempo aprendemos a fazer algumas outras coisas juntas...

Aprendemos a fazer um 4 depois de algumas várias doses e garrafas.

Aprendemos a bolar baseados.

Aprendemos a falar em público.

Aprendemos a gostar de "gente".
Aprendemos que não se deve transar em barracas no EREP.
Aprendemos que calouradas podem matar.
Aprendemos que não se bebe jurubeba escondida no dia dos namorados.
Aprendemos a cuidar de pessoas quem nem conhecemos.

Aprendemos a psicologizar.
Aprendemos a felicidade que é quando compramos um móvel novo pra casa.

Aprendemos a morar sozinhas.
Aprendemos a amar cada um das nossas épocas.

Parece que foi ontem que tu me levou na garupa da bike pra terapia... Mal sabia que você é uma das minhas melhores terapias.

Você se tornou uma mulher grande, forte, foda e continua sendo a menina dos cabelos mais bonitos de onde quer que você esteja. 

Eu tenho muito orgulho de quem você era, e de quem se tornou. Tenho muito orgulho dos caminhos que você trilhou e das cagadas que precisou conhecer. Mas tenho mais orgulho ainda, de mim, por ter feito uma escolha certa a dez anos atrás.

Ju minha... 

Você é linda de jeito - nenhum jeito é mais espontâneo que o seu.

Você é linda de mente - nenhuma mente é mais escancarada que a sua.

Você é linda no todo! (Quem é Yoko na fila do pão perto de ti).

Aprendi muito com você. Aprendemos muito juntas. E hoje, venho de dizer - através dos meus escritos de sempre - que tu tá muito fodida (do jeito bom) hahaha - porque ainda tem o resto da vida toda pra tu ficar perto de mim se surpreendendo com minhas retas sem régua.

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Hoje, além de te dar parabéns, vou te dar a renovação dos nossos votos!

(E a meta é dobrar a meta - #estrelavermelha)

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Ps. Não esquecerei nosso primeiro beijo, mas esquecerei menos ainda o primeiro murro na cara que tu me deu.

Ahh, eu te perdoo pela treta da redação (mas eu estava certa).

Sou dela!

💜


Bastidores