Compulsão para esvaziar


Classificação Internacional de Doenças, mais conhecido como CID 10, são códigos geridos pela Organização Mundial da Saúde - OMS - que visa padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde.
O código F 50 e toda a linha de 50.0 até 50.9, fazem referência ao Transtorno Alimentar (TA) que trata-se de um transtorno mental que se define por padrões de comportamento alimentares desviantes que afetam negativamente a saúde física e/ou mental do indivíduo. Este, compõe 12 variações similares, sendo elas, bulimia, anorexia, compulsão alimentar, transtorno alimentar restritivo, ruminação, pica, ortorexia, vigorexia, diabulimia, drunkorexia, fatorexia e pregorexia - (link explicativo de cada um na descrição do texto).

Compulsão alimentar é o escolhido da vez!
Apesar da formalidade inicial do texto, vou despir as palavras funcionais e fazer esse texto não "ter" sentido, mas sim, "ser" sentido.

Compulsão vem da ideia de impor/internalizar algo irresistível, ou seja, depender do que não temos controle e nos compor disso. 
Ao longo da vida temos uma tendência a fazer ligações entre coisas não necessariamente semelhantes, e iniciamos isso assim que nascemos. O choro por exemplo, é nossa primeira grande ligação, a fome, a sede, ao sono, ao sujo, ao desconforto etc. Aos poucos ele vai nos acompanhando também, e passa a ter ligações com o medo, o abandono, o susto e a frustração. Quanto mais crescemos, mais nos ligamos a ele, e essa ligação vai ficando ainda mais ampla. Ela cresce para as emoções, seja a tristeza, seja a felicidade, a memória, seja pelo excesso, seja pela falta; ao comportamento, seja pelo fisiológico, seja pelo emocional. E o choro finalmente passa a ser uma ligação de parceria eterna, que acontece desde o primeiro ato da vida, quando saímos da barriga das nossas mães, até a última palavra que citamos antes de morrer. 
Essa ligação se chama associação. Ela vai ganhando força ao decorrer do tempo, através de reforçadores, e por isso vive com a gente de início até o final.

Bom, o fato é que associamos tudo. Principalmente abstrações, como pensamentos, emoções, sensações e memórias. Essas associações tem uma consequência em comum: comportamentos. Alguns desses comportamentos, são positivos, outros negativos. Associamos estresse a cansaço, tristeza a solidão, felicidade a companhias, músicas a pessoas, cheiros a épocas da vida, e por aí vai. 
E dessa forma, há quem associe estresse/tristeza/felicidade/músicas/cheiros/etc ao comportamento de comer.

Comer é um dos maiores prazeres da vida, mas também pode ser uma das piores frustrações.
Há quem consiga comer, saboreando, sentindo preenchimento até ficar satisfeito. Mas também há quem só consiga comer, chorando, se sentindo culpado, ficando exausto e colocando pra dentro mesmo com a sensação que nunca vai se sentir preenchido. Mas dessa vez, não falo sobre preencher um espaço no estômago, falo sobre preencher o vazio que sentimos em dias comum, uma insatisfação que temos relacionada a alguma falta, uma vulnerabilidade do próprio ser, a fraqueza de ceder e a convicção de não sustentar uma emoção.

Compulsão alimentar, está para além de definições padronizadas e números estatísticos... Ela é pesada, carregada, ela é grande, forte e parece maior do que tudo. Ela nos faz usar roupas frouxas para não ver marcas do próprio corpo. 
Ela nos faz ter o espelho como nosso maior inimigo.
Ela nos faz perder o interesse por qualquer outro prazer que tenha como pré requisito, roupa ou nenhuma roupa, como sexo, banho de piscina, praia.
Ela nos faz descuidar de si.
Ela nos traz o ápice da necessidade de não se ver.
Ela nos faz tirar tudo de si:
O desejo
A admiração
A beleza
A competição
A estética
A aceitação
O respeito
A percepção

Distorção se torna nossa maior prática.
Culpa se torna nossa maior teoria.
Espelho e balança, nossa maior pobreza.
E a sobra disso é o contrário de sabedoria.
_

Eu prometo concluir, de forma positiva, esse texto em breve.


_

04/05/2020

Compulsão se trata com outras associações. Desta vez, saudáveis. Alimentação educada, conduzida por um profissional que estabeleça elo num acompanhamento, processo psicoterápico, contendo conduta clínica, empatia e modelagem comportamental, e prática de exercícios físicos, que são condutores de novos hábitos e resultados físicos e mentais positivos para qualquer sujeito, assim como relações saudáveis que constroem Paz e respeito de pessoas que se apropria da própria vida. 

Esse quarteto é responsável pela qualidade de vida saudável merecida por todas as pessoas que compreendem a função de reagir ao compromisso da vitalidade humana.


💙
David Araújo
Marlon Coutinho
CrossFit Touch'n Go
Nutri Fátima Macêdo

Vamos começar de novo

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