Trovão azul
Ainda tenho medo de trovão
Eu sempre fui desastrada!
Evitava passar no setor de vinhos do pão de açúcar porque ficava nervosa com todas aquelas garrafas de vidro por todos os lados.
Tropeçava numa calçada reta de havaianas e batia a cara nas portas, mesmo vendo elas.
Eu amava chocolate, mas precisava lavar a roupa depois, porque sempre sujava tudo. O cabelo, o chinelo, as unhas, os outros.
Eu queimava panela sem querer, rasgava alguma coisa sem perceber. Se eu me encostasse numa parede, tinha sempre um quadro que caia. Pisava na lama, sujava o sapato.
Uma vez eu fui segurar um bebê recém-nascido, e quase desloquei a cabeça da criança.
Eu mal conseguia me equilibrar andando na rua de salto baixo...
Fico pensando porque eu achei que ia conseguir equilibrar tantas questões, que nem necessariamente, eram minhas. Conflitos alheios que achei que pudesse mediar. Pessoas que se odiavam, eu achei que as pudesse fazer evitar se encontrar. Intrigas que imaginei que pudesse dialogar e confusões que tentei deter.
Eu estava sempre protegendo. Não queria nada em troca, apenas tentar sentir paz e fazer o melhor por quem eu amava.
Só esqueci de uma coisa...
E se eu quisesse só continuar derrubando tudo por onde passava? Ou seguir pintando minhas camisas de chocolate?
Achei que as pessoas não conseguiram se virar sem mim. A parte boa, é que elas conseguem. E a ruim, é que eu não sou como elas.
Derrubei tudo.
Fiquei mudo.
E nada passou
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