Minhas menores histórias de amor

 


Como dá pra ser poeta e ter medo de amar?

Cássia Eller trouxe esse questionamento a tona e eu já nasci com essa falha na matriz.

Eu consigo saber as minhas configurações de fábrica, consigo saber exatamente o meu funcionamento quando cedo espaço pra caótica desfuncionalidade de está apaixonada.

Eu nunca consegui viver sem alguma intensidade que claramente é capaz de me matar.

Gosto do perigo e como diriam meus mais próximos amigos, eu sambo na cara dele.

É o que me impulsiona a vida, beirar a morte do racional.

Sempre me apaixonei por tudo. 

Sempre vi amor em tudo.

Mas eu sou artista. E a minha função era eternizar isso através da arte; mas sentir?!

Sentir me vulnerabiliza.

Já deu pra entender que não é sobre a ideia de controle, e sim sobre exposição.

Eu até fico nua com muita facilidade…

Mas não por dentro.

Por dentro é diferente.

É como se faiscasse sem remoço.

Como se diluísse sem liquidez.

Eu fico fraca!

Inospedável.

Não consigo ser casa pela metade; muito menos segurar um telhado com vazamento.

É mais fácil o banho de chuva.

Quando penso no amor, sinto peso da inconsistência.

Sei que nele vive a falha de garantias, o discurso de surpresa e a descompensação emocional.

Ninguém é normal amando alguma coisa.

Porque o normal é vazio de vida. E nós somos encharcados de uma mistura incompetente de inocência e ingratidão.

Temos esperança numa imaginação, e medo da realidade.

Aversos ao papel de verdade, vamos buscando rasas migalhas de suor, deixadas nos lençóis das camas alheias. 

Enquanto nenhuma coragem se forma nessas tantas histórias finitas e sem sucesso de evolução.

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