Última gota de moscatel!
Todo tipo de água salgada tem o poder de renovar os desajustes da gente pelo lado de dentro:
Lágrimas - Suor - Mar
Os pecados sagrados não deveriam ser pagãos.
A gente só consegue pecar pelo ato fervoroso da fé contida que tá se contorcendo pra sair numa noite a fora.
Fora de si, fora dali, fora de mim e por aí vai e lá se foi.
Mais um dito pelo não dito,
Mais um Cristo pelo litígio,
Mais um sigilo preso no erudito;
Mas num era isso que era um sarcasmo?!
Um deboche,
Um atiço!
A gente peca quando sagra os cristais que ainda não estão prontos pra serem enaltecidos.
Quando aplaudimos os diamantes que ainda não podem virar anéis raríssimos.
Quando apontamos o que, por nós, só se dar por esquecido.
Destemido!
É o afeto que vira suor.
O amante que provoca sem dó.
Os trajes que se rompem sem nó;
E as desculpas que eu já ouço de cor.
Decorada depravação diária que teima em me queimar por dentro, como se tudo de mim virasse mar, pronta pra sair de onde nem sabe que tá.
Tara que nem se mede no tamanho, mas sim em quem tem coragem de penetrar no meu olhar.
Doce!
Cruel!
Impuro!
Completamente infiel!
Saciedade nunca rimou com lucidez.
Afinal, quem é sã pra viver só de realidade?!
Que todo íntimo traga em si, a sua razão de arte,
E que todo artista se conecte com a falta que lhe parte:
Ao meio, sem receio, confuso e errante.
Que eu leve comigo
Todos os idiomas de um sim!
Que eu traga enfim,
A própria razão do meu fim!

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