“...O tempo todo
Estou tentando me defender
Digam o que disserem
O
mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria
arrogância
Esperando por um pouco de afeição[...]”.
Viva Renato Russo e Legião Urbana!
Eu diria que um dos maiores causadores
deste mal do século é a era de medo que vivenciamos com tanta estupidez.
Feliz
daquele que temia a altura, ao escuro ou a aranhas. Nosso medo se fez presente
e árduo, quando falamos de importância e esquecimento.
Tememos ser esquecidos,
tememos não ser importantes, tememos não ser visto, tememos não ser considerado
ou merecido.
E perceba, todos estes medos aqui citados, são decorrentes do que
nos é externo. Sendo assim, entendemos que o que mais nos amedronta, não vem de
nós, e portanto, não é nosso. Se não é nosso, é possível pensar que está
inteiramente ligado ao que nos constrói socialmente, e então, subentende-se que
o nosso desespero, é estarmos sozinhos.
E no mínimo, é paradoxal!
Se temos tanto medo de estar sozinho, então
por qual motivo tendemos a criar situações em que arriscamos ser descuidados e
consequentemente, deixados. Se tememos a ser diferente, porque queremos tanto
que não nos comparem aos outros. E se precisamos tanto dos outros, porque não cuidamos
deles...
Preferimos sensacionalismos baratos, escândalos
políticos e historias absurdas, em busca de um pouco de atenção e fama; nossa
privacidade se torna a cada dia mais publica por escolha própria. Mercadorias vendidas
com o mínimo de pudor e elegância está estampado nas prateleiras, com uma
multiplicação de clientes assustadora.
Algumas palavras fortes são usadas de
forma inadequada e volúvel. As pessoas não ficam mais tristes, ficam depressivas.
Não sentem mais vontade de chorar, elas querem morrer.
O homem tecnológico lutando
desesperadamente como o seu senso de insignificância, em busca de relevância e
valor público.
Faço críticas a redes sociais no momento em que elas se tornam
alvo de mentiras. Quantas vezes vimos imagens que pareciam famílias propaganda
de margarina, que levam relações vencidas empurradas com a barriga. Quantas vezes
são postas e expostas frases lindíssimas e imagens perfeitas de pessoas que são
a própria felicidade eterna, enquanto no fundo do seu poço não há nada.
Porque a
necessidade de mostrar o que não é real, se tornou admirável? Declarações
feitas sob juramento eterno são desfeitas diante dos nossos olhos e quanto mais
convincente formos como vítimas, mais importância e publicidade teremos e
portanto seremos mais felizes?
Esse o funcionamento?
O nosso tempo de vida se tornou uma
adaptação fluida, e tudo que temos é a “obrigação” se nos divertirmos no jogo
de faz de conta.
A genial obra de Aldous Huxley, Admirável
Mundo Novo, retrata um mundo sem memória, em que não há espaço para história
ser contata ou encantada. O romance seria uma ficção futurista, porém, não
imaginei que seus fragmentos viessem aos poucos com tanta rapidez.
A minha crítica não é a tecnologia, ou a
velocidade dos fatos. É a mentira que se prontifica através destes!
Atualmente, se algo/alguém não está “funcionando”
como deseja, você troca, não concerta. E veja bem, que eu INfelizmente uso “algo”
e “alguém” sem a menor segregação.
As coisas se tornaram tão importantes como
pessoas, ou as pessoas passaram a ser vistas como coisas? Tudo é descartável,
prático, frio e LÍQUIDO.
Anthony Giddens, sociólogo, fala sobre
relações puras. Estas sendo relações sem compromisso, duração e alcance indefinido.
Baseiam-se apenas na satisfação delas extraídas. Construir a relação exige uma
decisão bilateral, terminá-la pode ser feito unilateralmente. Justo?
Seres humanos mentem, não são capazes de
sobreviver a verdade. E se justificam pelo instinto ou afins. A traição se tornou
uma oportunidade. Num mundo de vínculos intermitentes e falsas palavras,
infidelidade não choca mais. Não é novidade! O peso dos erros não pesa. E se
pesa, é esquecido em pouco tempo.
Tempo...
O que falta para compreender que a solidão
está APENAS para aqueles que são vazios, por opção!
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