Podar a poesia


Caminhar em Paris é lindo!


O cheiro de sol com vento frio batendo no rosto, fazendo os olhos permanecerem fechados, mesmo enquanto eu pedalo na bike de cestinha rodeando a torre Eifel e vendo os outros turistas tirando fotos tentando enquadrar seus rostos e a torre ao mesmo tempo.


As pessoas gesticulam como se não ficassem cansadas, tudo cheira a chocolate quente com croissant. Paris é lindo, é mágico e romântico, solitário e silencioso ao mesmo tempo. 


O agasalho tem sensação de abraço e o cachecol de carinho e enforcamento ao mesmo tempo.


As flores de Paris são encantadoras. São naturais e azuis. Fortes e com pouca durabilidade. Entre a mão e o espinho, o abraço é frio. A pressa não permite o fim, muito pelo contrário, ela tira seu propósito. Nós que recriamos um fim, porque o tempo tira ele de você. Mesmo o tempo sendo e fazendo o fim, ao mesmo tempo. 


Em Paris, a vida inicia com prazo de validade. 

A poesia é falada.

As mãos são empalmadas.

As relações, eternizadas.

Os traumas são relativos 

E o trem... O trem de Paris é incrível.

Em Paris, a vida tem vencimento.

E isso mesmo, ao mesmo tempo.


Ao mesmo tempo não da pra acompanhar a vida, e aí a gente se dar conta que sempre foi assim. Nunca se acompanhou. Nunca se finalizou, nem nunca começou. Porque não foi permitido, e não foi, porque nunca tivemos lá. 


Podar a poesia é como sair sem nunca ter entrado.

Podar a poesia é como existir sem nunca ter sido criado.

Podar a poesia, é como finalizar esse texto, sem nunca ter ido a Paris.


Caminhar em Paris deve ser lindo!




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