Não faz parte da CID-10.

Gostamos tanto de mistérios que acabamos nos tornando um.
A experiência vem justamente de um desvendamento do que nos é desconhecido.
Tudo que se descobre e portanto, move-nos a diferenciar do comum, seja este, impróprio, impessoal, imoral, inoportuno e sobretudo, atemporal.
Experienciar se conecta com a nossa condição de imaginar e estar sob dopagem de um ser imaginário e um tanto apto a se espantar.
Experimentar vem de pisar em terreno minado. Não apenas por este ser desconhecido, mas por se manter em perigo ou qualquer outra característica que nos tire de um conforto assustadoramente predominante.
Experiência é expectativa que não é ansiedade.
E esta real condição de ser, um ser experiente, não tem absolutamente nada a ver com atividades ou complexidades que você teve num passado próximo ou distante, que lhe fez adquirir alguma postura, seja madura, amedrontada, etc. Isso se chama aprendizado vindo e/ou seguido de rotina.
Nossas experiências não envolvem uma compostagem de regras.
O que o recrutador que te entrevista pede no teu currículo, são ex trabalhos, não experiência.
O que a sua ficha técnica produz, são resultados de atividades muitas vezes insuportáveis, não são experiências.
O que aquele relacionamento falido te proporcionou, foram fardos e alívios, não experiências.
Experiência vem de uma profundidade maior e mais densa. A qual, infelizmente hoje, somos empobrecidos.
Ao meu ver, o verbo que mais se aproxima de experiência, é apaixonar-se.
Em que não se prever, menos ainda, não se modela.
Atravessa-nos.
Passa por nós, faz parte de nós, está em nós e nos dar a oportunidade de se mover pela sensação.
Importante: experiência não é contrária ao ócio.
É complemento, arriscaria até mesmo em dizer, que é o seu seguimento.



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