Um pequeno inferno enfeitado

Stop the clock's [...]


Credibilidade sempre será uma palavra muito bela, como a grande maioria das palavras que nos adequamos a pronunciar. Ter crédito; dar crédito, é antes de mais nada um voto de confiança e uma postura até mesmo de fé. 
As epistemologias destas belas palavras, trazem uma segregação de sílabas e portanto significados construídos de sentidos e determinismos. Estes que por sua vez, tem a função pública e nos gerar uma coerência associada ao vocabulário, para que então, possamos condicionar o nosso comportamento de verbalizar.
Porém, não é exatamente sobre isto que venho falar.
Continuo escrevendo sobre as palavras, mas não vinculadas á um sistema de verbos [pré] concebidos. E sim, ao poder que estas, se não pensados de forma humana, possam vir a ter sobre nós. 
Entende-se a formação de frases e conceitos, um requisito básico para a compreensão de um possível diálogo. 
Mas e se de repente, nos propusessemos a liberar palavras soltas. Será que teríamos entendimento do que estaríamos falando? Será que quem escutasse ou lesse estas palavras descompensadas, encontraria lógica? 
Existe uma grande probabilidade de essas respostas serem um "não". E isto por conta de uma outra palavra bonita: "evidência".
Coerências, coesão e lógicas, assim como estratégias, informação e consciência, ao meu ver, são estruturas voltadas para evidência.
Uma evidência é o que está óbvio a nossa frente.  O óbvio é o que podemos visualizar, sem que seja preciso interpretar. Ou seja, na evidência não há dúvida, e portanto, não há sabedoria, muito menos desenvolvimento e/ou evolução.
Muitas vezes falamos o que nos é evidente. Porque é automático, prático, comum, mecânico e sobretudo, fácil.
Mais uma vez, palavras cheias de determinismos.
Caso se tornasse real está proposta de escrever/falar palavras soltas, evidências  talvez não fossem encontradas, mas encontraríamos o que há muito tempo vem sendo dado e pior, nomeado como perdido: os nossos sentidos.
Nos adequamos a falar, usar, reproduzir coisas e palavras que entendemos sua evidência, mas não interpretamos o seu sentido, não em tornar lógico, mas em fazer sentir o que se coloca em você.
É surpreendente como nós nos tornamos pessoas amarradas.
Presos em objetos que nos norteiam e nos fazem aptos a não sair do quadrado que por uma alienação opcional, entramos.
Usamos objetos e bijuterias para termos uma lembraça. 
Usamos uma etiqueta para pousar a vestimenta como uma novidade.
Usamos alianças para lembrarmos que temos uma companhia.
Usamos símbolos e códigos para lembrar que temos uma vida e que ela é segregada todos os dias, no momento em que passamos a ter um comportamento reflexo de olhar para o pulso e ser controlado por 2 ponteiros, 12 números e uma estrutura circular.
A mesma liberdade que nos fez há muito tempo conhecer o ar da vida, hoje, nos aprisiona com uma coleira elegante de pulso. E então, nos tornamos moderno.
'Isentos de experiência'.
O sujeito da experiência, é aquele que está sujeito ao único fato capaz de dominar o mundo: o descontrole. Desconexo. Passivo de falha. Movido pelo perigo de descobrir.
E portanto, sentido. 

Palavras soltas ainda serão responsáveis por trazer de volta a conexão do tudo e do nada.
Nesse momento, não apenas teremos uma experiência. 
Mas seremos a experiência!

Comentários

  1. " ...You can't stop the clocks forever...

    ...Stop the clocks for you and me...".

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