3 - C
José Leonilson.
O que torna uma obra tocante é justamente sua inconsequência de permanecer.
A exposição me levou ao chão de uma garrafa sem fundo, e totalmente vulcânica na parte interna.
O que remeteu a sensações de finitudes, porém, muito vivas.
Me emudece a velocidade de quem vê arte e toma uma postura de concluir comunicações.
E me encanta as formas de quem enxerga e com isso, complementa a arte.
Percebe as linhas tortas como as vias do nosso cotidiano, em que a falta de coerência prevalece.
Canetas viram câmeras. Ouvidos viram olhos. Mãos viram contornos. Diários virá diária. E a imagem resgata o sentido. Seja ele qual for. Basta entender que ele não vem de lá, mas ele sai de si.
Como uma garrafa vulcânica sem fundo.
Quando nos colocamos para fora, não somos belos, nem lineares, muito menos evidentes.
Somos, suor, mágoa, porra, falta, sangue, queimaduras, força, morte, fé, agonia, sal.
Tocar não significa chamar a atenção para um alvo. Eu não tenho ideia do que significa, mas acontece no momento que a explicação não vem em formato verbal.
Se tivéssemos ideia de como os fundos nos coloca de cara com a realidade de estar num chão, teríamos mais respeito por eles.
Se entendêssemos como estar de cara com um chão, faz-nos tortos de sentidos e por isso, dignos de senti-los, perceberíamos com mais fervor a relevância boba do que de fato quer dizer o escurecer de um dia.
A noite, que vem sem pretensão de ficar e que vai sem pretensão de vir de novo, é a responsável por acabar com a luz de uma ilusão todos os dias.
Confiamos na permanência.
E permanecemos sem vivenciar a luz de uma noite.
Ela, que foi feita para acontecer agora, se perde mais uma vez, no que virá amanhã [caso este chegue].
Do alfabeto tiro 3 letras.
8 - H
8 - H
9 - I
22 - V
Esta noite acabou, mas deixou seu legado. Aliás, seus tortos legados!
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