Anônimo
As vezes eu dou uma pausa na aventura e penso, "o que eu vou deixar de relevante para quem lembrar de mim quando não tiver mais presente?".
A primeira coisa que vem em mente é livros. Estes que passam pelas formas mais desformes, que já foram queimados na fogueira e que concentram em si a possibilidade indireta de salvar vidas.
O que perde inteiramente o sentido se a gente pensar em mofo. Livros está para mofo, assim como vida está para morte. Páginas amareladas sempre me incomodaram, mas por algum motivo aprendi a lidar com o rosto pálido das faces não vistas por aí.
O que é lido num livro, poderia ser lido nas entrelinhas dos olhos de quem se deixa ver, mas como? Por quem? Se não tem ninguém pra enxergar.
Bibliotecas sempre foram lugares lindos pra mim, eu conseguia ver energias vitais ali. Mas também percebia que nas avenidas lotadas nada pulsava.
Bom, e é basicamente isso.
Legado não se deixa, mas se liberta.
Nenhuma memória deve permanecer intacta, se não há suporte para mantê-las em foco.
E quem focaria na prateleira mais alta da biblioteca, no livro velho com as páginas amareladas e que lhe faria espirrar de tanto mofo?
Todo papel vira pó.
Todos nós somos de papel.
De volta a aventura...
Comentários
Postar um comentário