ORGAM


Happy


Você que nunca se vai. Sempre se deixa. Nunca me esquece. E retorna pra queixa.

Casei tão nova que mal deu tempo de criar outras memórias sem você.

Não consigo lembrar das cores dos meus biquínis, mas as cintas modeladoras eram sempre beges.

Não recordo dos vestidos colados, mas as camisas folgadas eram sempre XG.

Babylook dos eventos do colégio era tortura. Eu com pouco mais de 1,5m pedia a camisa M ou G, e as pessoas se assustavam "vai ficar grande em ti".

Calças jeans era como uma forca. Sonhava com 34 e usava 40/42. Sempre com cinto, pra segurar. Ficava folgado, mas ficar apertado não era uma opção.

130,00 foi o valor da minha primeira cinta modeladora, e eu tinha só 14 anos.

Em dias difíceis eu tentava sobreviver de álcool e fumaça. Comer engordava. 


Por dentro se reprimia. Por fora modelava.

Por dentro se destruía. Por fora se mostrava.


Meus olhos são diluídos em filtros. É vago e raso. É turvo e inútil. É magro.

O espelho me mostra o que eu engulo sem nenhum gosto.

É nojento. Tormento.

É flácido. Ácido

É líquido. Ríspido.

É constrangedor. Me.causa.dor


Não é depressão nem ansiedade.

Não é frustração nem drama.

Não é atenção nem bobagem.

Dessa vez também não é arte.

Nem alerta. 


O que o espelho mostra? 

Reflexo!

Tudo ao contrário.

É só algo vazando.

H(el)appy.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Viva a Mesa Viva!

TRIN(QU)EI

Fiz as pazes com o Natal