Chá da tarde
Pão, queijo, chocolate quente e requeijão.
Uma mesa. Quatro cadeiras. Todas ocupadas.
La vie en rose de fundo.
Janela com ventilação.
Luz amarela no teto.
Boas risadas e assuntos bobos sobre as partes mais simples da vida de cada um.
Morávamos em casas separadas, mas no domingo às 16h a gente se encontrava pra fazer o chá da tarde.
Sem fotos. Sem filtros. Sem máscaras e sem olhares julgadores do futuro nem do passado.
Planos compartilhados, visões de mundo descritas, fotos não tiradas, memórias não escondidas.
A gente se diverte, tira onda um com a cara do outro. Buscar saber sem invadir e no fim, tá sempre junto.
Papai falando pouco sobre os projetos da escola e a peça do Raul. Comendo alguns pães com creme de ricota e uma caneca imensa de café.
Mamãe contando as peripécias do condomínio e nos atualizando sobre as vendas na loja e sistema remoto. Tomando seu bom e velho leite com uma colher pequena de café e biscoito cream crack.
Ela falava enquanto gargalhava contando a rotina difícil do Pipoca em nos enlouquecer. Comendo um pouco/muito de tudo que estava na mesa.
E eu, admirando essa cena que por tanto tempo fez parte dos meus sonhos. Calada, pensando que esse talvez fosse um dos melhores momentos da minha vida. E claro, me esbaldando na Nutella.
Cada um com seus defeitos e trejeitos. Excessos e processos. Preconceito e respeito. Era lindo. Era nosso. Eu tudo meu. E eu queria muito tudo aquilo.
Bom, é domingo de tarde.
Cada um tá sozinho no seu lugar, ocupando uma só cadeira de uma mesa com três vazias.
Não tem café.
Não tem biscoito.
Não tem nutella.
Não tem respeito.
Ohana quer dizer família...
E família quer dizer _____ abandonar!
Tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo Tempo
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