Kali

Dentre uma coleção de má efeitos conjurados em mim, o "Não" é o réu dito de maior poder. 
O que vem do Não, não é bonito nem positivo.
É escuro e assustador.
Meu empecilho de retornar é aterrorizante. 
Meu subsídio de perdoar é inconsequente.
Minhas escolhas tênues trazem consigo karmas extremos. 
Radicais, concretos e frios.
O Não é uma ferramenta de domínio em defesa que toma e torna testável tudo que vier depois.
Confronta e impede. 
É triste, porém, vaidoso.
É covarde, porém, ambicioso.
É fraco, porém, sedutor.
É sofrido, porém, orgulhoso.
É decadente e impiedoso.
Severo e negro.
Um nada aprisiona, mas um Não, tira o fôlego.
Traz sangue na alma inacessível.
Traz solenidade na força do corpo atingido.
Traz repulsa ao segurar minhas mãos.
Traz desvios ao olhar os meus olhos.
É contido de amor. E incontido de mágoa.
Um Não é indolor e arrebatador.
Fuck you.
Me too.
Demoníaco o poder do Não que não vira sim.
Diabólico a pausa do Não para um outro fim.
Não se rompe algo para retornar.
A ofensa se transforma em elemento inclemente.
A memória, pesadelo ativo.
Um Não é um cinza colorido por alguns instantes, enquanto limpamos a vista para o preto.
não é Não!
O fogo não derrete, mas queima.
E o gelo... 
Congela os não congelados.


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