Sereia

"Eu acho que qualquer pessoa que se apaixona é uma aberração. É uma coisa louca para fazer. É mais ou menos como uma forma de insanidade socialmente aceitável."
Filme - Ela (Her).

A forma que se leva algo nas costas, muitas vezes define uma postura. Saudável ou não. Passiva de uso de coletes, enquadramento de coluna, colchões apropriados, etc.
As vezes nem precisa ser tão pesado, mas o tempo que carregamos também pode vir a ser causador desses mesmos problemas. 
Mochilas. Bolsas. Livros. Aparelhos de tecnologias. Crianças. 
Silêncios. Dores. Mágoas. Rancores. Medos. Palavras. Discursos. Remorsos. Pena. Inveja. Preconceitos. Viganças. Paixões.
Estas dentre outras coisas que carregamos nas costas, acarretam valores, pesos e posteriormente, consequências gravíssimas.
Compramos bolsas imaginárias e nelas colocamos tudo que não temos coragem de soltar. Mostrar ao mundo. Deixar levar.
Carregamos durante meses e até anos. Por uma vida inteira.
Até que num lindo dia, essa bolsa cai sobre você, e não é mais possível carrega-la, muito menos levantar com ela por cima.
Pesos insanos causam dores nas costas. Na alma. Na mente. No corpo como um todo e principalmente, dores na sua história.
Quantas histórias interrompidas são marcadas justamente pelo peso.
O domínio do peso em nossa vida social, caracteriza força física forçada. 
Costumo chamar de FFF.
Mas este é um valor equivocado. 
Não é para ser necessário nenhum esconderijo que não seja durante uma brincadeira de esconde esconde que jogavamos quando éramos crianças.
A fluidez, mais uma vez, reina nesse tempo de pesos. 
A água se tornou um campo de massa referencial, que se limita a permanecer no mesmo lugar.
Temos medo de ficar.
Tememos descobrir o que significa "apego".
E então, contornamos tudo e todos como água. Que surpreende com uma FFF, mas que escorre silenciosamente sem ficar em lugar algum.
Grandes silêncios são silenciados para sempre, porque o peso não permite gritar.
Enquanto isso, nos fingimos de vivos no meio de uma sala lotada de pessoas cegas, em que você escadalisa seu silêncio e ninguém te ver.
Grandes medos são encarados como vergonha, porque o peso é menos constrangedor do que o risco de reconhecer limites.
Enquanto isso, somos carregamos por uma onda de movimentos sem formatos, e ainda com a bolsa de medos carregada nas costas, nos afundamos como chumbo, e não percebemos.
Grandes paixões são aptas de fuga, porque o peso da água, nos move sem um rumo de coragem. 
Enquanto isso, nada acontece.
E aquela FFF se torna, provavelmente, um título, que nesta inasanidade social aceitável, define quem é você.


S.O.S.
Precisamos de mais aberrações!

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