Que horas você volta?
Acordei hoje de um sonho bom.
Veio de nós.
Eu tinha 7 anos; cabelos dourados com cachinhos nas pontas.
Moravamos na casa 37 da Travessa Doroteia Marinho.
Era um dia frio como quase todos os outros.
Sábado no final da tarde, vou para a calçada da nossa casa, que tinha 4 degraus. Sento no primeiro deles e espero você e a noite chegar.
Vocês chegam juntos. Os dois.
Meus olhos brilham como se tivessem inundados de lágrimas. Mas eram brilhos!
Nos abraçamos como se não nos víssemos a anos, mas você me deu bom dia no começo dessa manhã.
Entramos em casa, você fala com a minha mãe, que lhe pergunta como foi o dia. Vocês dois se sentam na mesa e conversam sobre várias coisas, as quais eu não entendia nada.
Devia ser essas fofocas de adultos.
Você pega meu patins, e minha mãe meu casaco de frio.
Saímos de casa, andamos alguns quarteirões e chegamos numa praça.
Minha mãe senta num banco e fala pra gente ter cuidado.
Você coloca os meus patins, me ensinando a arramar.
Segura a minha mão e vamos por ai. Eu estou sob rodinhas. Suando dentro daquele casaco.
Você segurando na minha mão, corre do meu lado, enquanto meu corpo flutua.
Depois de alguns minutos, voltamos pra casa.
Pedimos uma pizza, na pizzaria ponto 13 [sempre gostei desse número].
Mussarela.
Dois pedaços pra você. Dois pra mim. Dois pra minha mãe. Era a conta certa.
Você me ensina a colocar ketchup e maionese apenas no ultimo pedaço, pra que eu possa sentir o gosto real da pizza no primeiro.
Escovamos os dentes e ficamos vendo Lilo e Stith.
Você me coloca na cama, e canta a música do ursinho Pimpão.
Vamos dormir.
...
Acordei!
Passaram 16 anos.
Meus olhos brilham como se tivessem inundados de lágrimas. Mas eram lágrimas!
Nos abraçamos como se não nos víssemos a anos, mas você não me deu bom dia no começo dessa manhã.
"De repente a dor, de esperar, terminou"
Ao meu pai!
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