Quando bate o meu coração.
Hoje,
27 de abril de 2017, fui bombardeada por pedidos semelhantes e
intensos. De um lado, uma analisanda me pedindo ajuda, do outro, a
minha melhor amiga. Como pude estar tão cega para a possibilidade
dessa segunda garota está evidenciando que há algo de errado? Por
que esperei o apelo direto para perceber? Na verdade, acredito que já
havia percebido, mas não queria adentrar, pois acreditava que esses
pedidos fossem artefatos para um construção textual mais intensa...
Mas vi que não! É inconsciente, mas consciente. É possível? Sim!
Parece que eles estão atravessados. É sobre a minha melhor amiga
que estou falando. É sobre esse não-dito e o não-visto.
É
sobre estar no mundo, mas sem senti-lo. É sobre viver sem saber o
que se está experienciando.
Torna-se
delicado pensar e criar algo a partir de situações não
vivenciadas, mas olhe só, não estou dizendo que é impossível.
Estou afirmando que é delicado! E, de fato, é! Diante de tantos
atravessamentos cotidianos é necessário desacelerar e pensar sobre
o que estamos sentindo, vivenciando, percebendo, criticando... Vamos
olhar para os caminhos e descaminhos. Olhar para si, na tentativa de
resgatar o sentido da existência e passar a experienciar o mundo de
maneira autêntica, não descartando o coletivo. É necessário olhar
para a dor do outro e pensar sobre ela, tomá-la como real. Por que
ainda somos indiferentes? O que nos torna insensíveis ao que está
diante dos nossos olhos? Por que a neutralidade dos sintomas está se
tornando cada vez mais atenuada? A depressão, por exemplo, é o “mal
do século” e tudo se justifica a partir dela. Mas ela existe! E
talvez seja o “mal do século”, então vamos olhar para este
fenômeno de outra forma. Vamos conhecê-lo etimológica e
epistemologicamente, mas vamos observar o sintoma que se apresenta e
mergulhar no oceano em que tudo começou.
Peço
desculpa por não ter olhado de maneira fiel, leal, compreensiva para
os seus sintomas. Não foi intencional! Assim como você, sou
bombardeada por fatores diários e sinto dificuldade em olhar para
tantos fenômenos ao mesmo tempo... Normal, porque eles me afetam de
uma forma incontrolável e você sabe disso. Perdoe-me pelo
julgamento moral. Perdoe-me pelo “adentramento torto”. Sinto que
estou deixando inúmeras informações passarem e que, possivelmente,
se tornarão fragmentos sombrios. Sinto sua dor! Hoje, acredite, eu
senti sua dor! Meu corpo doeu, minhas mãos solicitaram por um texto,
meu coração adormeceu, meus olhos fecharam por alguns instantes...
E eu me desfiz em dor! Olha só, a dor apareceu em mim também. Por
vezes, pensei sobre as asas que ganhei de você, além do amor,
cuidado, respeito; o olhar, o ouvir, o silenciar, carinho,
reconhecimento, a admiração, a humildade, a confiança e tudo que
recebo de você diariamente, e me vi encarcerada na gratidão. Como é
isso? Fiquei presa em como agradecer, quando agradecer, se deveria
agradecer, justamente por não saber se você queria o mesmo em
troca. Como disse uma pessoa muito importante para nós: “Como pode
você me dar tanto e não pedir o mesmo?” Como pode, Maricota?
Acredito que só agora estou compreendendo como devo agradecer.
Presentificando-me! Estando disponível, autenticamente, na nossa
relação. A base da nossa amizade, com certeza, é a autenticidade e
a honestidade. E, por gentileza, não a negue!
“E
onde não queres nada, nada falta
E
onde voas bem alta, eu sou o chão
E
onde pisas o chão, minha alma salta
E
ganha liberdade na amplidão”
“O
quereres” Caetano Veloso
“A
Flor que vem me lembrar
A Flor que é quase igual
A Flor que muito pensa
A Flor que fecha ao sol
Parece a mesma Flor
Só muda o coração
Quando se unem são
A Flor que inspirou a canção
A Flor que é quase igual
A Flor que muito pensa
A Flor que fecha ao sol
Parece a mesma Flor
Só muda o coração
Quando se unem são
A Flor que inspirou a canção
Que
dance a linda Flor girando por aí
Sonhando com amor sem dor, amor de Flor
Querendo a Flor que é, no sonho a Flor que vem
Ser duplamente Flor, encanta,colore e faz bem
Sonhando com amor sem dor, amor de Flor
Querendo a Flor que é, no sonho a Flor que vem
Ser duplamente Flor, encanta,colore e faz bem
Oh
Flor, se tu canta essa canção
Todo o meu medo se vai pro vão
Pra longe, longe que eu não quero ir
Mas deixe seu rastro pólen, flor pra eu poder te seguir
Todo o meu medo se vai pro vão
Pra longe, longe que eu não quero ir
Mas deixe seu rastro pólen, flor pra eu poder te seguir
“Bela
flor”
Com muito afeto,
Maricota II.
t.
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